Convento de Cristo em Tomar – Portugal

949) Igreja templária

Charola no Convento de Cristo em  Tomar

Foi criada em Jerusalém, no ano de 1.118, a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (que ficou conhecida como Ordem dos Templários), com objetivo de defender os territórios  conquistados e proteger os cristãos em peregrinação pela Terra Santa.

Os cavaleiros eram monges (submetidos a votos de castidade e pobreza)  e também guerreiros de elite que, com o passar do tempo, foram adquirindo grande poder (pela influência que exerciam junto aos monarcas e ao alto clero) e riquezas  (terras, propriedades e dinheiro,  multiplicado pelos juros dos empréstimos concedidos à membros da nobreza).

Para acabar com o poderio da Ordem dos Templários – e confiscar seus bens – foi decretada sua extinção em 1312 pelo Papa Clemente V, influenciado pelo rei francês Felipe IV. Os Cavaleiros Templários passaram a ser perseguidos e vários foram executados publicamente na França (nas fogueiras da Inquisição).

Porém  D. Dinis, rei de Portugal,  promoveu hábeis  diligências junto à Santa Sé para criar uma nova congregação  que deveria defender o país contra os avanços do Islã nas proximidades de suas fronteiras. Em 19 de Março de 1319 o Papa João XXII criou a Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo,  à qual o rei português incorporou os cavaleiros, os bens e os privilégios  da extinta  Ordem dos Templários e, em 1356, determinou sua instalação   na  antiga sede templária: o Castelo de Tomar.

Situada  no Distrito de Santarém, a 136 km de Lisboa (com acesso pela Via A-1), a cidade de Tomar possui um fabuloso conjunto monumental constituído por:  Castelo Templário, Convento da Ordem de Cristo (da época do Renascimento), cerca conventual –  atualmente conhecida como  Mata dos Sete Montes, Ermida da Imaculada Conceição e o  Aqueduto dos Pegões.

Ao transpor os portões do Castelo de Tomar a imaginação abre as asas e inicia um vôo panorâmico sobre a história, as tradições, as lendas  e os costumes dos monges/cavaleiros que ali habitaram  e  onde enfrentaram acirradas batalhas.

943) Porta do Sol

Porta do Sol na fortaleza de Tomar

A fortaleza, construída a partir de 1.160, apresenta características típicas da arquitetura militar: dupla cintura de muralhas e paredes de pedra (denominadas “alambor”)  que dificultavam a escalada do inimigo até as torres, dentre as quais a Torre de Menagem (mais alta, proporcionando melhor capacidade de vigilância).

952) Convento de Cristo

Praça de Armas e Charola do Convento de Cristo em  Tomar 

A  Praça de Armas, onde os Cavaleiros treinavam para o combate,  situa-se em frente à Charola (oratório privativo dos monges), de arquitetura em estilo bizantino. A construção concluída em 1190, sofreu grandes alterações durante o reinado do Infante D. Henrique (entre 1420 e 1460) para que pudesse acolher as funções litúrgicas.

É preciso tempo para apreciar a  riqueza decorativa de seu interior, principalmente diante do octógono central de altares, inspirado na Rotunda do Santo Sepulcro, no qual os monges-cavaleiros rezavam lado a lado formando um círculo.

971) Altares centrais da Charola

Octógono central em Tomar, inspirado na Rotunda do Santo Sepulcro

Impressiona a perfeita simbiose de elementos arquitetônicos e ornamentais distintos (românico, bizantino, gótico, manuelino), que foram sendo agregados, harmonicamente, ao longo dos sete séculos em que foi lapidado o Convento de Cristo.

Em 1420 o  Infante D Henrique, o Navegador,  transformou a casa militar do Castelo de Tomar em convento com a instalação de dois claustros em estilo gótico: o da Lavagem e do Cemitério

957) Claustro do Cemitério

Claustro do Cemitério onde está o túmulo de Diogo da Gama

No início do século XVI o rei  D Manuel I  transformou a Charola em  capela mor da igreja conventual, enriquecida com esculturas, pinturas sobre madeira, murais e estuques.

Na fachada ocidental da igreja está  um dos ícones do estilo decorativo manuelino, de autoria de Diogo de Arruda:  a “Janela da Sala do Capítulo”.

Adornada por um exuberante universo figurativo,  que inclui temática marítima (cordame, bóias, esfera armilar), símbolos da monarquia e da Ordem de Cristo (brasão, cruz heráldica) e elementos naturalistas (folhas, ramos), é um exemplo inigualável da ornamentação que marcou a  época dos Grandes Descobrimentos em Portugal.

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Janela da Sala do Capítulo no Convento de Cristo em Tomar

O rei D João III, coroado em 1528,  expandiu o convento  para além dos muros do Castelo, em torno da igreja que havia sido ampliada por seu pai (D Manuel I).  Esse novo conjunto monástico, erguido entre 1531 e 1552 com projetos dos arquitetos João de Castilho e Diogo Arruda,  acrescentou cinco claustros à estrutura já existente.

962) Vista dos dois pavimentos

Claustro com dois pavimentos no Convento de Cristo

Sob o reinado dos Felipes de Espanha  as obras no Convento de Tomar tiveram continuidade. Em 1562 foi concluído o Claustro Principal, projetado por Diogo de Torralva e considerado uma das obras primas da Renascença Européia, destacando-se a fonte central com o formato da Cruz dos Templários, abastecida pelo Aqueduto.

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Claustro Principal iniciado por D. João III

No Claustro do Cemitério foi edificada, em estilo maneirista, a Sacristia Nova. Sua abóbada foi decorada com a esfera armilar, o escudo coroado, a cruz filipina  e o leão (referência ao brasão de armas espanhol). O piso de mármore rosa e branco contrasta com a ardósia negra. As paredes brancas foram enfeitadas por filetes de ouro. É mais uma preciosidade do Convento de Cristo, que traz à lembrança um  momento histórico de profunda ligação entre Portugal e Espanha.

968) Sacristia Nova

Sacristia Nova do Convento de Cristo em Tomar

Mas, indiscutivelmente, a obra mais marcante dos reis espanhóis, nesse período,  foi o aqueduto com 6 quilômetros de extensão, construído sob o Vale da Ribeira dos Pegões, para abastecer o Castelo de Tomar, ao qual se liga na fachada sul.

925) Aqueduto com 6 km

Aqueduto dos Pegões que fornecia água para o Convento de Cristo

No final do século XVII,  D. João IV  realizou as últimas obras de grande vulto no Convento: a Enfermaria e a Botica Nova, inauguradas em 1690.

Com a Revolução Liberal, em 1834, as ordens religiosas masculinas foram extintas. Antonio Bernardo da Costa Cabral, Conde de Tomar (um influente político),  adquiriu  em 1835  as terras da cerca conventual e da antiga vila do castelo como também as edificações da parte sul do Convento. A ala poente do Claustro dos Corvos foi transformada em um palacete neoclássico (como ditava o gosto e a arquitetura do século XIX), onde residiram várias gerações –  até o início do século XX,  quando o Exército ocupou as instalações do Castelo. Posteriormente, o Seminário das Missões Ultramarinas foi ali  alocado.

Somente na década de 1980  o Estado reassumiu a posse do conjunto monumental, inscrito na lista do patrimônio mundial  da UNESCO em 1983.

O melhor para a visita é dispor dos serviços de um guia,  não apenas pelas amplitude e complexidade das instalações mas, sobretudo,  pelas histórias e curiosidades sobre os hábitos de homens que se dividiam entre a guerra e o devotamento religioso.

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Refeitório dos monges no Convento de Cristo em Tomar

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Claustro dos Corvos no Convento de Cristo em Tomar

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Latrina dos peregrinos, a céu aberto

Para finalizar, algumas dicas:

1º) Antes de chegar ao Castelo de Tomar,  não deixe de  fazer uma rápida parada na torre do Aqueduto dos Pegões. A vista do entorno é magnífica.

935) Aqueduto dos Pegões

O impressionante Aqueduto dos Pegões oferece uma  vista panorâmica imperdível

2º) A cidade de Tomar é encantadora. Merece uma visita  e  a busca pelo tradicional doce: “Fatias de Tomar”  – uma receita conventual a base de gemas, açúcar e água,  cozida numa panela só encontrada nessa região (que permite acrescentar água por um funil,  durante o cozimento em banho maria).

1020) Praça em Tomar

Cidade de Tomar às margens do Rio Nabão

3º) Para complementar a Rota dos Templários é indispensável conhecer o Castelo Almourol, situado numa ilhota no meio do Rio Tejo, distante cerca de 27 km de Tomar.

1035) Castelo de Almourol

Castelo Almourol num afloramento granítico no meio do Rio Tejo